segunda-feira, 22 de outubro de 2012

10 formas de cuidares e aumentares a tua Auto-Estima como adulto




Ultimamente tem-me aparecido muitas vezes a pergunta “Como se desenvolve a auto-estima num adulto”? E embora isso não tenha diretamente a ver com as crianças... indiretamente tem! Porque, como costumo dizer, o melhor presente que podes dar ao teu filho é tratares bem de ti mesmo, assumires responsabilidade em relação a ti (e às tuas relações).

Em primeiro lugar, deixa-me fazer uma distinção entre auto-estima e auto-confiança.

Auto-estima tem a ver com o que sou e como me relaciono com isso. Tendo uma auto-estima saudável relaciono-me bem com tudo que sei sobre mim, aceito-me a mim mesmo exatamente como sou. A boa auto-estima funciona como uma espécie de sistema imunitário que nós ajuda a lidar com situações onde estamos a ser questionados, atacados, em situações de bullying etc. Quanto melhor a minha auto-estima, mais facilidade tenho de lidar com estas situações. A auto-estima é que me faz sentir bem em relação à mim mesma.

A auto-confiança está ligada a situações específicas e a prestações, por exemplo estou auto-confiante a dar formação, a jogar futebol ou a fazer contas. A auto-confiança pode-me fazer sentir bem em relação a uma situação específica.

A ligação entre auto-confiança e auto-estima é pequena. Ter uma boa auto-confiança em várias áreas não melhora a minha auto-estima. Mas, se eu tiver uma boa auto-estima, ter baixa auto-confiança em algumas áreas não se torna um problema.

Por exemplo, se eu decidir tornar-me pianista vou iniciar aulas de piano. Nas aulas de piano descubro que tenho muita dificuldade em aprender a tocar. Se tiver uma baixa auto-estima, vou lidar mal com essa descoberta, se tiver uma alta auto-estima vou lidar bem com a mesma descoberta. Se por outro lado perceber que estou a gostar muito e que tenho jeito e energia para investir no treino, posso desenvolver auto-confiança em relação ao tocar piano.

E então o que faço para aumentar e manter a minha auto-estima?

1. Assumo a responsabilidade por mim! Sou eu, unicamente eu, que sou responsável por mim. Mais ninguém. Quando sou auto-responsável faço as coisas por mim e não pelos outros em primeiro lugar. E quando faço pelos outros é uma escolha minha, ponderada, com qual me sinto bem e não tenho grandes dúvidas. Entendo e conheço (e procuro conhecer cada vez mais) os meus limites e os meus valores. Sei dizer que não às pessoas, mesmo às pessoas que mais amo, às pessoas que me assustam, às pessoas com quais me comparo e às pessoas que quero impressionar...

2. Trabalho o meu auto-reconhecimento e a minha auto-compaixão! Reconheco tudo o que tenho de bom e tenho compaixão comigo mesma em relação às coisas menos boas. Um exercício que se pode fazer é no final do dia é escrever 3 situações que aconteceram durante o dia. Coisas que fiz menos bem e coisas que fiz bem. Depois imagino que não fui eu que fiz aquelas coisas, mas outra pessoa que amo muito. A seguir troco essa pessoa por mim mesmo e procuro sentir o que senti pela outra pessoa, por mim.

3. Nada de comparações! Muitos de nós comparámo-nos constantemente com outras pessoas. Em tudo: ela é uma melhor mãe, ele é mais inteligente, ela é muito mais bonita, ele é mais forte…. A questão é que só nós nos podemos comparar com nós próprios. E mais ninguém. Quando começo a comparar-me com os outros, imagino um grande sinal de Stop! e procuro encontrar uma imagem boa de mim na mesma situação.

4. Sou congruente! Procuro sempre a congruência, quando sou congruente estou alinhada com os meus valores e os meus limites. Sou auto-responsável, e assumo responsabilidade por mim. Quando estou incongruente estou a “comer” a minha auto-estima.

5. Tenho mais auto-compaixão! Quando tenho compaixão comigo mesma consigo aceitar àquilo que sou, o que é fundamental para a auto-estima. Essa aceitação não quer dizer que nunca vou mudar nada, não quer dizer que fico passiva. Pelo contrário, ao aceitar, consigo transformar em algum melhor! Quando conheço e aceito os meus lados menos bons, consigo também trabalhar para os melhorar.

6. Falo das minhas emoções! Não consigo frisar o suficiente a importância de exprimirmos as nossas emoções. Principalmente quando se trata de emoções como culpa e vergonha que são grandes inimigos da auto-estima. É importante lembrar que não há culpa, há responsabilidade. Eu não tenho culpa de nada mas posso ser responsável. E quando penso nas minhas emoções também penso sobre como me sinto em relação àquilo que sinto. Muitas vezes é esse o grande problema. “Tenho vergonha porque estou apaixonada por uma mulher.” (ou seja sinto amor, mas o problema é o que sinto em relação à isso).

7. Estou no aqui e agora! Este momento é o único que consigo realmente influenciar. É neste momento que consigo parar e pensar um pouco sobre aquilo que sinto, penso e acho… É neste momento que me posso ficar a conhecer melhor.

8. Tomo conta de mim! Faço coisas que gosto. Arranjo tempo para mim. Não sinto culpa por ter momentos auto-centrados (em que é provável que algumas pessoas me chamem egoísta). E se sentir culpa, deixo a emoção estar, mas não faço diferente, a emoção vai acabar por descarregar. Trato do meu corpo tal como da minha mente. Há tempo na minha agenda também para mim!

9. Faço amor comigo! Pois, estou a falar de masturbação (mesmo! ;)). Masturbação é uma forma fantástica para me ficar a conhecer melhor. Tem tudo a ver com responsabilidade, prazer e limites. Tem tudo a ver com auto-conhecimento. E tem tudo a ver com amor-próprio. Se não souber o que me dá prazer, nunca o vou ter.

10. Medito! Pelo menos de vez em quando. Desafio-me a ficar sozinha comigo mesma e o que se está a passar no meu corpo e na minha mente. 

    Quanto mais gosto de mim, quanto mais vejo as coisas boas e mim, quanto mais aceito as coisas menos boas em mim, quanto mais compaixão tenho por mim... mais vou conseguir sentir o mesmo pelos outros.... Quanto melhor a minha relação comigo, melhores as minhas relações com os outros.

    Será que o mundo seria um lugar melhor se tivéssemos todos mais auto-estima?

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O João- uma pequena história sobre ver ou não ver




  Era uma vez um menino chamado João. O João tinha 6 anos e era um menino muito amoroso, mas muito, mas muito mal comportado. Por volta dos dois anos os pais do João experienciaram as primeiras “birras” e as primeiras verdadeiras “asneiras” do João. Entenderam que era a chamada “idade das birras” e aguentaram o melhor que puderam, aplicando diversos métodos de educação através de dicas de amigos e familiares e através dos livros e artigos de educação que foram lendo. Como nada parecia funcionar, confortaram-se com o facto de que o João estava na “idade das birras” e que ia passar… Aos 4 anos os pais do João começaram a ficar um pouco preocupados com o comportamento do João. A idade das birras nunca acaba? questionavam eles.  

O João era um menino sempre apoiado e incentivado, elogiado, premiado, e amado. E os pais do João não entendiam de onde vinha àquele comportamento. Eram pais bastante ocupados, com carreiras importantes, e estavam a começar a sentir-se esgotados com a situação do filho. Castigos de todo o género, palmadas, time outs, ultimamente até tinham instituído um quadro de bom comportamento lá em casa. Uns dias até parecia que o João estava motivado para receber o barco de piratas do Playmobile… outros estava-se a borrifar. O número de auto-colantes colocados no caminho para a prenda, ainda eram poucos, e os pais do João estavam mesmo a desanimar.
Certo dia, a mãe do João consegui acabar o projeto em que estava a trabalhar um pouco mais cedo e viu que ainda dava para ir às compras antes de ir buscar o João à escola. Mas este dia a Mãe sentiu algo diferente, sentiu uma vontade enorme de ir buscar o João e leva-lo com ela às compras. Mas, ela estava maluca? Levar o João às compras? Não, mais valia fazer as compras primeiro e depois ir buscá-lo à escola, “ele fica melhor a brincar com os amiguinhos mais um pouco”. A Mãe sentou-se no carro, ligou a música, distraiu-se, e quando deu por ela, estava a porta da escola do João! Sorriu, e pensou. “Pronto, hoje é mesmo para ser. Vou fazer compras com o João.” E inspirou profundamente. 

As compras com o João correram surpreendemente bem. Só houve uma pequena chatice quando a mãe se recusou de comprar mais Bakugans, mas de resto, ela estava realmente satisfeita. Ainda por cima, durante o tempo todo, ela e o João tiveram uma agradável conversa e a Mãe sentiu-se mesmo presente.

Ao sair das compras decidiram ficar um pouco a brincar no parque infantil que estava mesmo ao lado do supermercado. O João ficou feliz da vida e correu para os baloiços. A Mãe aproveitou para fazer um telefonema importante enquanto o João brincava. Ao desligar, olhou para o telefone, e decidiu desligar o som, sem sabendo bem porquê. Ouviu o João a chamar. “Mamã, mamã! Olhe para mim aqui em cima!” A mãe viu o João em cima do maior escorrega do parque. Sentiu um pequeno frio na barriga quando viu o filho tão alto, mas não disse nada. Olhou para o João, olhou-o mesmo nos olhos, por uns momentos só existia ela, e o filho… sorriu, levantou a mão, e acenou. 

Muito baixinho disse “Estou-te a ver João, estou-te a ver…”. E ali, naquele momento, percebeu, que o João nunca mais ia ser o mesmo. Que a vida daquela pequena família ia ser muito mais tranquila