segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

E assim sinto que não me amo a mim mesma, mamã.

Anteontem, uma amiga e colega da Family Lab na Suécia, partilhou um momento fantástico com a sua filha de 7 anos no seu blog (A Petra faz partilhas fantásticas e para quem por acaso souber sueco, vai lá espreitar! E para quem tiver mais paciência, até vale a pena utilizar Google Translate! ;o))

A partilha da Petra fez me pensar muito e decidi ler o seguinte extracto do post á minha filha mais velha na hora de deitar ontem.

- Mamã, eu quero te dizer uma coisa... Eu vou te amar para sempre!
- E eu quero te dizer uma coisa. Vou te amar para sempre! Estou curiosa querida ... Também te amas a ti própria?
- Normalmente sim, Mas quando tu ralhas comigo, é difícil eu me amar.
- Ah, gostava que me falasses mais sobre isso!
- Bem, quando tu falas com voz zangada, sinto-me estúpida e quando eu me sinto estúpida, é difícil para mim amar-me.
- O que gostarias que eu fizesse, em vez de ralhar contigo?
- Sabes, mamã, as vezes quando tu estás a cantar e eu peço te para ficares quieta? E ficas em silêncio durante algum tempo e depois começas a cantar de novo?
- Sim ...?
- Quando começas a cantar de novo é só porque te tinhas esquecido que eu te pedi para ficares quieta, certo?
- Sim.
- Então é assim para mim também mãe. Se eu não fizer o que tu quiseres, é só porque me esqueci o que tu querias. Se eu for para o meu quarto de manhã para ir buscar alguma roupa, por exemplo, e não voltar para cima. Então não precisas de ficar zangada comigo, eu só me esqueci que ia buscar alguma roupa porque vi outra coisa engraçada no meu quarto e comecei a brincar com ela. Assim, é suficiente se tu me chamares atenção com uma voz agradável.
- Obrigada por me dizeres isso! Eu gosto quando me dizes como eu me posso tornar uma mãe melhor, porque eu amo-te e quero ser a melhor mãe que eu posso ser.



Imagem daqui
Após ter lido o texto à minha filha de 7 (quase 8) anos olhou para mim com olhos grandes.

Eu: Liv o que pensas disto?
L: Muito bom…. Foi muito bom, Mamã. É como comigo.
Eu: Como assim, Liv?
L: É como comigo. Quando tu ralhas comigo, eu as vezes vou para o meu quarto. E lá, eu depois ralho comigo própria. E assim sinto que não me amo a mim mesma.

Acredito que muitos de nós temos dificuldade, sempre ou as vezes, de sentirmos amor-próprio. Dificuldade de nós amarmos, incondicionalmente. Mas amar os nossos filhos, incondicionalmente, não é difícil. O que é difícil é transformarmos esse amor incondicional em comportamento e actos com quais os nossos filhos se sentem amados, incondicionalmente. E pensando no exemplo da minha amiga, e do meu exemplo ontem, dá para perceber a importância que cada comportamento que temos com os nossos filhos forma a futura auto-estima e o futuro amor-próprio, não dá? E dá para ver que vale a penar investirmos na forma como comunicamos com os nossos filhos, não dá?